- abril 25, 2024
Higiene, máscara e vacina: relembre como escapar dos surtos que assolam Campo Grande
Prontos-socorros repletos de gente buscando atendimento, sejam pediátricos ou adultos, na rede pública ou particular. A superlotação nos atendimentos de urgência são o atual cenário em que Campo Grande – que vive um surto generalizado de síndromes gripais – se encontra.
Para piorar, ainda estamos em abril, ou seja: os meses mais frios, quando ocorrem a maior parte das síndromes gripais, ainda estão por vir.
Há diversas razões para esta situação caótica na Capital de Mato Grosso do Sul: desde a cultura de “fechar a janela” quando bate uma brisa mais fresca – o que aumenta a concentração viral em ambientes fechados -, à baixíssima imunização em Campo Grande, que tem apenas 14% do público-alvo imunizado contra a influenza.
A sobrecarga nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Campo Grande é tanta que houve até especulação sobre a possibilidade de suspender as aulas municipais, como tentativa de impedir a proliferação viral.
Mas, depois de mais de três anos imersos numa pandemia, extremamente recente, seria essa a melhor solução?
Chover no molhado
Suspensão de aulas para conter um surto de doença respiratória seria ineficaz e ainda iria expor problemas sociais mais complexos, tais como: quem cuidaria das crianças enquanto pais trabalham? Além disso, o maior legado da pandemia – a etiqueta respiratória – traria resultados mais efetivos.
É o que defende o médico nefrologista e clínico geral Marcelo Santana Silveira, que também preside o Sinmed (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul). Para ele, higienização, máscara e vacina formam o “combo” capaz de conter o avanço de viroses.
“A questão de suspender aulas é complexa. Se é para adotar alguma medida de isolamento social, teria que ser total, e não só nas escolas. Até porque são todas as faixas etárias que estão sofrendo com esses sintomas. Tanto os prontos-socorros adultos como pediátricos estão lotados. E além disso, onde ficariam essas crianças? Elas ficariam em casa? Iriam para o trabalho dos pais? Brinquedotecas? Creche? Não vejo como uma medida efetiva”, pontua o profissional.
O especialista sugere como medida efetiva a etiqueta respiratória, associada à higiene pessoal, além de evitar ou proteger-se em aglomerações. Santana também recomenda que pessoas com sintomas respiratórios devem ficar isoladas em casa.
“O uso da máscara, principalmente no transporte coletivo, já reduz bastante o risco de contaminação. Isso, inclusive, mesmo antes da pandemia de Covid, já era tradicional em países asiáticos. Mas, mais importante é a questão da vacinação, é primordial. A gente consegue fazer um controle efetivo das pandemias, principalmente quando a gente adota uma imunização grande na população, que boa parte é feita pela vacinação e outra parte por quem teve contato com o vírus. E foi o que ocorreu na Covid: quando uma parte maior da população estava imunizada, vimos a situação melhorar”, destaca.
Procurar atendimento é necessário
Apesar da superlotação, Santana defende que procurar atendimento emergencial é importante, principalmente quando há alguns sintomas preocupantes, como febre e tosse, inclusive, produtiva. “Até porque ir ao médico nessa condição, constatada a infecção, o paciente será afastado e isso evitará a transmissão do vírus”, pontua.
Além de máscaras, higiene e imunização, a etiqueta respiratória também indica abrir as janelas. “É muito importante manter os ambientes arejados, bem ventilados. Álcool em gel e a lavagem das mãos com água e sabonete, sempre que possível, e evitar levar a mão na boca e nos olhos, também evita contaminação”, finaliza.
Vacinação e número de casos
Diferente do ano passado, quando houve uma explosão de casos graves, com internação, devido a síndromes respiratórias, este ano a maior alta é de casos moderados. Até o momento, não há espera por leitos de UTI pediátricos, mas a Sesau negocia a abertura de novos leitos infantis na Santa Casa.
Ainda conforme sistema de monitoramento da Sesau, entre março e abril foram registrados 164 casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em crianças com menos de 1 ano e outros 123 casos em crianças até 4 anos. Na prática, crianças até 4 anos representam 41,7% dos casos de SRAG registrados este ano, na rede pública de Campo Grande.
Quem pode se vacinar contra influenza
A vacina influenza aplicada na rede pública é trivalente, ou seja, apresenta três tipos de cepas de vírus em combinação – A (H1N1); A (H3N2) e B (linhagem B/Victoria) – protegendo contra os principais vírus em circulação no Brasil.
A vacina contra Influenza pode ser administrada na mesma ocasião de outros imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação. Em Mato Grosso do Sul, o público-alvo é composto por 1.148.407 pessoas.
- Crianças de 6 meses a menores de 6 anos
- Crianças indígenas de 6 meses a menores de 9 anos
- Trabalhadores da Saúde
- Gestantes
- Puérperas
- Professores dos ensinos básico e superior
- Povos indígenas
- Idosos com 60 anos ou mais
- Pessoas em situação de rua
- Profissionais das forças de segurança e de salvamento
- Profissionais das Forças Armadas
- Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais (independentemente da idade)
- Pessoas com deficiência permanente
- Caminhoneiros
- Trabalhadores do transporte rodoviário coletivo (urbano e de longo curso)
- Trabalhadores portuários
- Funcionários do sistema de privação de liberdade
- População privada de liberdade, além de adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas (entre 12 e 21 anos)
- Crianças que vão receber o imunizante pela primeira vez deverão tomar duas doses, com um intervalo de 30 dias