Unir arte e moda, tornando as peças sacras mais alegres, mais “abrasileiradas” fortalecendo a fé, foi a intenção da artista quando trocou as telas por gesso e porcelana, há cerca de seis anos. Sua releitura contemporânea para imagens de santos, anjos e orixás fez tanto sucesso que a artista criou uma marca, a Santamenteira, para comercializá-las e ter uma assinatura diferenciada da jornalista. Hoje, mais de 500 peças depois, tem São Francisco, Santo Antônio, Santa Sara, Nossa Senhora Aparecida e outros santos e orixás espalhados pelo Brasil inteiro e até fora do país, como Itália, França e Portugal.
O amor pela arte se manifestou em Grace Marinho antes mesmo da paixão pelo jornalismo, área à qual se dedica há 34 anos. Quando entrou na faculdade de Comunicação, aos 17, já gostava de pintar figuras humanas e buscava aperfeiçoamento em cursos diversos. O talento ficou adormecido por décadas até ser despertado quando achou que sua Nossa Senhora das Graças estava ‘triste” num canto do quarto, trajando roupas pálidas e sem graça;_ Não precisa ser assim. A fé é uma convicção alegre, bonita. As peças sacras ocupam um lugar importante nas casas das pessoas, devem levar alegria, cor, representam personagens que carregam histórias de luta, coragem e fé. Como também gosto muito de moda, peguei uma peça de roupa com estampa florida e fiz uma releitura na imagem. Postei na web, e foi um sucesso. As peças foram parar também em decoração de lojas e até no Museu do Caju, em Fortaleza, que ganhou uma Nossa Senhora das Graças estilizada com cajus e no M.E. Atelier, no Centro Histórico de Salvador, onde tem um Santo Antônio estampado com corações vermelhos. Ao contrário das peças decorativas, as medalhas de porcelana pintadas à mão precisam ser fiéis as imagens originais, para que sejam facilmente identificadas, já que são retratadas em 3 ou 4 cm.
Santa Sara, Iemanjá, São José, Oxun, São Francisco, Nossa Senhora das Graças, Santa Terezinha, São Benedito, São Jorge, Nossa Senhora Aparecida, Iansã, convivem pacificamente em seu atelier. E já são tantas histórias bacanas que cada peça traz que até despertam na jornalista a vontade de escrever um livro;
_ Guardo histórias muito legais, algumas com coincidências até difíceis de acreditar que são verdadeiras. A forma como cada uma é recebida, as emoções que despertam e que chegam a mim através de mensagens, áudios e telefonemas emocionados são também gratificantes. É o carinho e a energia boa que vai e volta. E Nossa Senhora do Pantanal é um capítulo à parte nessa história” diz.