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  • novembro 30, 2024

Mesmo com fim decretado, lixões seguem ativos em 22 cidades de Mato Grosso do Sul

Mesmo com fim decretado, lixões seguem ativos em 22 cidades de Mato Grosso do Sul

Montanhas de lixo se acumulam a céu aberto, enquanto o chorume e a fumaça de queimas irregulares se misturam ao zumbido de moscas. Embora o cenário possa parecer um resquício do passado, em Mato Grosso do Sul, 22 cidades ainda mantêm ativos vazadouros a céu aberto, os chamados ‘lixões’, enquanto apenas 20 contêm aterros sanitários.

Em 2010, a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) estabeleceu prazos para a implementação de soluções ambientais adequadas para o descarte de resíduos. Assim, municípios com mais de 50 mil habitantes deveriam eliminar os lixões e implementar aterros sanitários até agosto de 2023.

Entretanto, mais de uma década depois, o descarte correto de resíduos segue sendo um desafio para a preservação ambiental em Mato Grosso do Sul. Dados do Suplemento de Saneamento da Munic 2023 (Pesquisa de Informações Básicas Municipais), divulgados nesta quinta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que 22 dos 79 municípios do Estado ainda mantêm lixões, o que representa 25% do total.
Destinação de resíduos em MS

A pesquisa diferencia os três principais tipos de destinação final dos resíduos sólidos:

Lixão – vazadouro a céu aberto. Não possui nenhum tipo de controle, gerando poluição para o ar e para o solo, com o chorume entrando em contato com o lençol freático.

Aterro controlado – apresenta algum nível de gestão dos resíduos, como captação e queima de gás metano. Apesar disso, não garante total adequação ambiental.

Aterro sanitário – há a gestão correta dos resíduos, com captação e queima de gás metano e ligação a uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) para tratamento do chorume. Não há contaminação do lençol freático.

Riscos ambientais e sociais dos lixões

Lixão
Lixão e aterro sanitário (Divulgação, IBGE)

A presença desses lixões representa sérios riscos ao meio ambiente, como a contaminação do solo e das águas subterrâneas, além de impactar a saúde de comunidades vulneráveis ​​que vivem próximas a esses locais. Entre as 22 cidades que ainda mantém lixões, dois vazadouros estão situados em áreas alagadas ou alagáveis, ampliando o potencial de danos ambientais.

Em contrapartida, Mato Grosso do Sul conta com apenas 20 aterros sanitários, estruturas fundamentais para o manejo correto dos resíduos. Além disso, 9 municípios utilizam aterros controlados, uma solução intermédia entre os lixões e os aterros sanitários.

Os dados revelam também a presença de outras estruturas de resíduos orgânicos no Estado: 40 áreas de bota-fora (usadas para deposição de resíduos de construção civil – terraplanagem), 5 unidades de compostagem de resíduos orgânicos, 19 instalações para recuperação de materiais recicláveis, 4 unidades de incineração e 50 áreas de transbordo, destinadas ao transporte de resíduos para locais de disposição final.

Lixão
Lixão e aterro controlado (Divulgação, IBGE)

Falta de incentivo segue como desafio na implantação de aterros

A implantação de aterros sanitários no Brasil enfrenta obstáculos significativos, especialmente nos pequenos municípios, que são os que mais recorrem aos lixões. Entre as dificuldades estão a falta de recursos financeiros e a dificuldade em articular projetos junto ao governo.

Conforme o levantamento do IBGE, a falta de incentivos financeiros/fiscais e/ou previsão orçamentária foi a maior dificuldade relatada, informada por 2.872 municípios. Áreas construídas consolidadas (áreas urbanizadas densas ou ocupadas há mais de 10 anos) – relatadas por 2.296 municípios, ocupando o segundo lugar em dificuldades para expansão ou implementação de drenagem sustentável. Falta de pessoal qualificado (2.162) e ausência de legislação (2.152).

Aterro Dom Antonio (Divulgação)
Aterro Dom Antônio Barbosa (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Gerente da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, Fernanda Malta, ressalta que o lixão e o aterro controlado possuem características semelhantes, mas ambos se diferenciam do aterro sanitário, que seguem normas técnicas e ambientais rigorosas para o manejo de resíduos, trazendo menos impactos ao meio ambiente.

“O lixão não possui nenhum tipo de controle, enquanto o aterro controlado, como o nome sugere, apresenta algum nível de gestão, porém sem garantir total adequação ambiental. Já o aterro sanitário foi construído para isso, portanto possui toda a estrutura necessária, como o tratamento do chorume, por exemplo”.

Um a cada três municípios ainda utiliza lixões no Brasil

Lixão
Lixão (Agência Brasil)

Os lixões ainda são a principal unidade de disposição final de resíduos no país. No panorama nacional, 31,9% dos municípios brasileiros ainda utilizam lixões como unidade de disposição final de resíduos sólidos, considerada a pior maneira de destinação final do resíduo. Em 28,6%, ainda há aterros sanitários, enquanto aterros controlados são utilizados em 18,7%.

Em 3.364 (60,5%) municípios com algum serviço em manejo de resíduos sólidos havia coleta seletiva, enquanto 56,7% implementaram instrumentos legais que tratam sobre coleta seletiva, indicando que há uma aproximação entre a legislação e a prática em pouco mais da metade dos municípios brasileiros.

Dos 5.557 municípios com serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, 4.093 (73,7%) indicaram presença de catadores informais. Já as entidades de catadores que atuaram na coleta seletiva estavam presentes em 1.498 (27,0%) municípios.

Entre as grandes regiões, os lixões ainda eram utilizados em 73,8% dos municípios na Região Norte, 51,6% no Nordeste, 52,9% no Centro-Oeste, 12,1% no Sudeste e 5,7% no Sul.

Fonte: https://midiamax.uol.com.br/cotidiano/2024/mesmo-com-fim-decretado-lixoes-seguem-ativos-em-22-cidades-de-mato-grosso-do-sul/

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