- novembro 16, 2017
Horta em escola enriquece merenda e estimula aprendizado dos alunos
Revirar a terra, plantar, irrigar e fazer a colheita com as próprias mãos já são rotina de alunos e professores na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, em Campo Grande. Desde quando foi implantada, há cerca de cinco meses, a horta escolar é só motivo de orgulho: ajuda a enriquecer a merenda com alimentos fresquinhos e contribui no aprendizado de forma saudável e criativa.
O espaço não é muito grande, mas a variedade impressiona. Em pouco mais de 800 metros quadrados é possível encontrar rúcula, almeirão, alface, salsa, abóbora, coentro, pimentão, cebolinha, tomate, milho verde e do tipo saboró, inhame, caxi, amendoim, beterraba, cenoura, alho de folha, feijão catador, goiaba, morango e abacaxi.
A horta, implantada na escola no mês de julho, integra o projeto das disciplinas eletivas, desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação. São propostas por professores e alunos como aulas complementares à grade curricular, com o objetivo de diversificar e aprofundar conhecimentos do Ensino Médio.
“É emocionante ver a proporção que o projeto tomou. Surgiu em sala de aula e hoje é nosso orgulho. A inscrição foi bastante disputada e até os alunos que não conseguiram participar visitam a horta nos intervalos; se interessam bastante por tudo que envolve esse trabalho”, percebe uma das “fundadoras” da horta, Pâmella Cristina da Silva Lima, 17, do 2º ano.
Junto à ela, também teve a ideia o colega Jhonatan Souza da Silva, 17. “Por que não uma horta? Foi com essa pergunta que bolamos o projeto. Hoje, temos uma refeição mais saborosa, saudável, diversificada e cheia de “histórias” para contar”, afirma ele, considerando a rotina de cuidados com as hortaliças.
Rotina essa que é toda organizada e dividida entre os participantes, até mesmo para não prejudicar as outras disciplinas. Como as aulas eletivas acontecem somente às quintas-feiras, nos dois primeiros horários no período vespertino, é preciso “escalar” alguns estudantes para os afazeres diários na horta: a colheita é feita de manhã; a irrigação de manhã e de tarde.
Integrando as matérias de biologia, matemática, química e artes, a atividade mostra bem que todo esse envolvimento é capaz de tecer uma forte rede de conhecimentos interdisciplinares, norteando o desenvolvimento de cada participante.
“O trabalho com a horta tem contribuído muito para o aprimoramento do convívio social e aprendizagem dos estudantes. Percebo melhora nas notas, no comportamento e até na auto-estima deles”, destaca a professora de biologia, Solange Antunes da Silva, 41.
A meta é expandir a iniciativa, distribuir sementes para outras escolas da rede estadual e tornar os alunos multiplicadores desse aprendizado, seja entre colegas de sala, seja dentro de suas próprias casas. “Eles sentem muito orgulho desse espaço. Trazem mudas de casa e pedem para levar outras. A troca de experiências é gratificante”, garante.
Participam do projeto aproximadamente 20 estudantes do Ensino Médio e outros 9 ligados ao CCDT (Centro de Convivência e Desenvolvimento de Talentos), instalado na unidade, que atende crianças e adolescentes com deficiências.
“Esse trabalho reconhece a pluralidade deles e estimula a inclusão junto à comunidade. Eles se sentem fazendo parte de um projeto lindo e cheio de bons resultados”, acredita a professora do CCDT, Cláudia Serra.
Parceria – O cultivo dos canteiros conta com suporte do Ministério da Agricultura, que prestou todo atendimento técnico com profissionais atuando desde o preparo da terra, como correção e adubação, semeadura e irrigação, até a colheita e reposição das mudas.
O cultivo é realizado no sistema orgânico de produção, com insumos totalmente naturais. As visitas acontecem periodicamente.
A matéria eletiva tem duração de seis meses, mas a horta está fazendo tanto sucesso, que deve ter continuidade em 2018.
“Por isso a orientação agora é fazer rotação de culturas, pois o plantio incessante de hortaliças desgasta o solo. Vamos aproveitar o período de férias escolares e cultivar espécies que exigem menos cuidados, como arroz e milho. Eles são excelentes opções para recuperar o ambiente até as próximas semeaduras”, explica Válter Loeschner, que é agente federal de atividade agropecuária do Mapa (Ministério da Agricultura) e fomenta a produção orgânica e agroecológica por meio do Programa Bancos de Sementes Crioulas.
O Mapa forneceu sementes e compostos com nutrientes para correção do solo. “Essa proposta é fantástica. Os alunos retiraram 4 toneladas de entulho que havia aqui nessa área para transformá-la em uma “mina de ouro” com alimentos frescos e livres de agrotóxicos”, ressalta.