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  • novembro 9, 2017

Com relíquias no acervo, Arquivo Público guarda detalhes valiosos de MS

O original do primeiro diário oficial de Mato Grosso do Sul, publicado há 39 anos. Jornais da época do ‘Mato Grosso Uno’ totalmente digitalizados. Microfilmagem de documentos imperiais diversos, do Século XVIII, da ‘Capitania de Mato Grosso’. O acervo completo de fotografias da Companhia Matte Laranjeira. O documento original com o discurso de posse do governador Harry Amorim Costa, em 1º de janeiro de 1979. Estas são apenas algumas das relíquias guardadas e conservadas no Arquivo Público Estadual de Mato Grosso do Sul.

Na sala, que fica no prédio da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), na região central de Campo Grande, qualquer pessoa pode realizar pesquisas documentais, que a cada dia tornam-se mais organizadas e produtivas, graças aos trabalhos de catalogação, indexação e higienização realizados servidores do Arquivo. A consulta aos documentos é 100% gratuita – até máscara e luva são disponibilizadas aos pesquisadores, para se protegerem da poeira e evitarem danificar os arquivos.

 

Arquivo Público preserva documentos públicos oficiais (Guilherme Cavalcante/Midiamax)Arquivo Público preserva documentos públicos oficiais (Guilherme Cavalcante/Midiamax)

​Nas dezenas de estantes do local, novas descobertas são feitas a cada dia. Mas, a prata da casa está bem localizada: são acervos que já foram, inclusive, digitalizados, como jornais do século passado; todo o acervo documental da Colônia Agrícola Nacional de Dourados, a maior reforma agrária feita no Brasil até hoje, que trouxe muita gente de outros estados para o antigo Mato Grosso. no Acervo, também há centenas de imagens de grande valor que contam a história da Companhia Matte Laranjeira, que explorou, durante o ciclo da erva matte, os hervais nativos da região sul do Estado.

 

“A importância de um acervo público existe quando ele proporciona informação e conhecimento ao alcance do pesquisador e da população. Aqui, a nossa intenção é que o espaço seja popularizado, que seja utilizado pelas pessoas, das mais humildes às pesquisadoras profissionais”, explica Douglas Alves da Silva, historiador do Acervo Público Estadual.

Douglas, a propósito, está à frente da organização da V Semana Estadual do Arquivo Público, que tem início nesta quarta-feira (8) e segue até sexta-feira (10). Durante esses três dias, as portas do acervo permanecem abertas para vistas técnicas e mesas redondas e exposições temáticas são realizadas, a fim de destacar a importância do Arquivo público a Sociedade. Com o tema “Histórias e Memórias”, que está relacionado aos 40 anos da criação de Mato Grosso do Sul, o Arquivo quer mostrar que guarda, sim, história e que ela tem enorme valor.

 

Nada de velharias - Arquivo público guarda relíquias (Guilherme Cavalcante/Midiamax)Nada de velharias – Arquivo público guarda relíquias (Guilherme Cavalcante/Midiamax)

 

O historiador destaca que o papel do Arquivo, além de guardar as informações, também precisa fazer com que elas fiquem à disposição das pessoas. “Tanto é que temos parcerias com várias universidades e também com escolas de educação básica. Temos três acervos itinerantes que são bem resistentes e podem ser levados às escolas, por exemplo, para que eles fiquem ao alcance das pessoas. Essa informação que temos aqui não pode ficar presa, ela precisa circular”, explica o historiador.

Relíquias guardadas

Além dos documentos oficiais, que são de responsabilidade do Arquivo Público, muitos outros documentos, como imagens, livros e outros arquivos avulsos complementam de forma sui generis a reconstituição dos 40 anos de Mato Grosso do Sul. No local, há até detalhes do cerimonial do dia em que Mato Grosso do Sul foi efetivamente instalado, em 1º de Janeiro de 1979.

 

Acervo do Arquivo público tem mais de mil imagens da Cia. Matte Laranjeira (Guilherme Cavalcante/Midiamax)Acervo do Arquivo público tem mais de mil imagens da Cia. Matte Laranjeira (Guilherme Cavalcante/Midiamax)

“Alguns servidores que estão aqui desde a criação do Estado guardaram por conta próipria alguns documentos interessantes, como o orçamento da queima de fogos da noite em que o Estado saiu do papel”, conta o historiador. Segundo o documento, foram 15 minutos de show pirotécnico ao custo de 250 mil cruzeiros, antecedidos por salva de 21 tiros e até acendimento de pira olímpica na Praça da República, nome oficial da ‘Praça do Rádio’, em Campo Grande.

 

Também chamam atenção os microfilmes que guardam documentos da Capitania de Mato Grosso, que datam de 1753 a 1795, pelo menos. No Arquivo, também há exemplares de álbuns de luxo escritos em língua inglesa em excelente estado de conservação – eles eram presenteados pelos governadores (na época dos embates políticos entre Pedro Pedrossian e Wilson Barbosa Martins) a pessoas ilustres, como diplomatas e presidentes de outros países que visitavam o Estado.

V Semana do Arquivo

 

Evento que divulgar serviços do Arquivo Público (Divulgação)Evento que divulgar serviços do Arquivo Público (Divulgação)

A programação tem início logo mais, às 14h, no Museu de Arqueologia da UFMS, com a mesa redonda “Aspectos da Formação Histórica e Social de MS”, com participação dos porfessores doutores Paulo Marcos Esselin (UFMS) e Paulo Roberto Cimó Queiroz (UFGD). No decorrer dos dias, também haverá visitas técnicas ao espaço, com acesso às exposições e atividades desenvolvidas pelo Arquivo – serão ofertados certificados de 10h para acadêmicos que participarem das atividades.

 

Acontece ainda, durante a semana, a palestra “Câmeras antigas – histórias e memórias” no dia 09 de novembro (quinta-feira), às 20h, com Juliano Martins, fotógrafo e funcionário público. Dono de uma coleção de máquinas antigas, Juliano compartilha uma série de depoimentos que destacam e enaltecem a importância dos arquivos públicos e dos museus no tocante à preservação da memória.

Serviço – V Semana Estadual do Arquivo Público. De 8 a 10 de novembro de 2017, com palestras e visitas técnicas e acontece nas dependências do Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho, localizado na Av. Fernando Corrêa da Costa, 559. Outras informações: Arquivo Público Estadual – Alexandre Sogabe e Douglas Alves da Silva: (67) 3316-9139.

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