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  • setembro 30, 2024

Com foco na preservação do Pantanal, especialistas avaliam situação das áreas úmidas de MS

Com foco na preservação do Pantanal, especialistas avaliam situação das áreas úmidas de MS

A Conferência da ONU para a Biodiversidade (COP15) realizada em dezembro de 2022 em Montreal, Canadá, estabeleceu 23 metas globais a serem cumpridas até 2030 e quatro objetivos que precisam ser concretizados ainda na primeira metade do século por todas as nações. O Brasil está entre os mais de 200 países que concordaram em perseguir essas metas e objetivos, com objetivo de proteger e restaurar a natureza, garantindo seu uso sustentável e estimulando uma economia global verde.

O Marco Kunming-Montreal, como é conhecido o conjunto de metas e objetivos traçados durante a COP15, foi tema de Seminário realizado pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), em parceria com a Abema (Associação Brasileira de Entidades Ambientais), nessa quinta-feira (26), em Campo Grande. Pesquisadores apresentaram estudos que mostram a situação das áreas úmidas, da biodiversidade e dos recursos hídricos de Mato Grosso do Sul e das regiões circunvizinhas, fornecendo subsídios para o desenvolvimento de medidas e políticas públicas no sentido de buscar atingir as metas e objetivos propostos na COP15.

Entre as 23 metas globais acordadas durante a COP15 estão: proteção de 30% da biodiversidade e das funções dos ecossistemas do Planeta; anular a perda de áreas de alta importância para a biodiversidade, incluindo ecossistemas de alta integridade ecológica, como é o caso do Pantanal; restauração de 30% dos ecossistemas terrestres e marinhos degradados; interrupção da extinção de espécies ameaçadas induzida pelo homem; uso, colheita e comércio de espécies silvestres sustentáveis, seguros e legais.

O cumprimento dessas metas até 2030 seria capaz de levar o Planeta a atingir pelo menos quatro objetivos globais ambiciosos, que são: manutenção, melhoria ou restauração da integridade, conectividade e resiliência de todos os ecossistemas, incluindo a interrupção da extinção induzida pelo homem e a manutenção da diversidade genética; uso sustentável da biodiversidade; compartilhamento justo e equitativo de benefícios associados ao uso de recursos da natureza e proteção do conhecimento das comunidades tradicionais e indígenas; e a garantia de que recursos financeiros, técnicos e conhecimento científico destinados à implementação de ações cheguem onde são necessários.

Seminário

O 1° Seminário Estadual sobre Áreas Úmidas no Contexto Kunming-Montreal reuniu no auditório LivingLab do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) dezenas de especialistas e interessados na temática, tendo sido também foi transmitido pelo Youtube, em que chegou a atingir 243 visualizações. O secretário executivo de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Artur Falcette, fez a abertura destacando a importância do debate para subsidiar o poder público e a sociedade na tomada de decisões assertivas e eficientes, diante do quadro de alterações graves nas condições climáticas que interferem diretamente na dinâmica dos ecossistemas das áreas úmidas.

A seguir, cinco palestrantes trouxeram suas contribuições para o tema: os professores doutores Arnildo Pott, Sylvia Torrecilha, Verônica Maioli, Fábio de Oliveira Roque e Paulo de Tarso. Pott traçou um panorama da situação das áreas úmidas presentes no Estado, citando as fitofisionomias dessas áreas e da biodiversidade que abrigam. Torrecilha detalhou os acordos firmados na COP15 e as ações que Mato Grosso do Sul já tem adotado e que estão sendo desenvolvidas nesse sentido.

Citou como exemplos a implantação do PSA (Programa de Serviços Ambientais) Usos Múltiplos Rios Cênicos, que recompensa ações de sustentabilidade adotadas por proprietários rurais estabelecidos nas bacias dos rios Prata, Formoso, Salobra e Bertione. Também o inventário climático de emissões dos GEEs (Gases causadores do Efeito Estufa) por todas as atividades econômicas e o PSA específico para o Pantanal que está em elaboração. “Mato Grosso do Sul tem papel precursor e de liderança nesse processo”, assegurou Torrecilha.

Verônica Maioli apresentou estudos que mostram as condições das áreas que concentram as cabeceiras dos principais cursos d´água que correm para o Pantanal e que revelam graus preocupantes de degradação, demandando um esforço ampliado para recuperação. Já Fábio Roque centrou-se nas potencialidades ambientais e econômicas da região e afirmou que, apesar da quantidade razoável de estudos científicos sobre o tema, ainda faltam conexões dos aspectos econômicos, sociais e da biodiversidade locais com iniciativas e políticas públicas.

O último palestrante, Paulo de Tarso, apresentou o vínculo entre água, energia e alimentos que reconhece as interconexões entre os sistemas hídrico, energético e alimentar como uma estratégia integrada que seja eficiente e sustentável, propondo que isto ocorra dentro de processos de governança. Trouxe um panorama da situação dos recursos hídricos, revelando problemas e apontando medidas capazes de mitiga-los. Tarso demonstrou estudo que revela a interconexão entre os rios e os aquíferos e a importância do manejo adequado do uso e cobertura da terra para a manutenção dos serviços ecossistêmicos providos pelas áreas úmidas.

Fazendo uma síntese das discussões, o secretário executivo Artur Falcette afirmou que o seminário forneceu subsídios técnicos e científicos para que as iniciativas e políticas públicas possam ser conduzidas de forma mais assertivas, “frente às metas ambiciosas e desafiadores no combate a perda de biodiversidade, das funções ecológicas e dos serviços ecossistêmicos”.

 

Fonte: https://agenciadenoticias.ms.gov.br/com-foco-na-preservacao-do-pantanal-especialistas-avaliam-situacao-das-areas-umidas-de-ms/

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