- agosto 22, 2017
Antes de morrer, único pedido feito por Sueli fez nascer a ONG Cão Feliz
A ONG Cão Feliz cuida, atualmente, de mais de 140 cães resgatados das ruas de Campo Grande. Os gastos mensais ultrapassam R$ 4 mil e, por dia, são gastos mais de 30 quilos de ração. Por conta das dificuldades financeiras, a instituição fez um apelo, em forma de vídeo, em que clama por qualquer tipo de ajuda. A mensagem é tocante, assim como a história por trás da criação do canil.
“Associação Sueli Craveiro – ONG Cão Feliz” é o nome completo do lugar. A homenagem foi feita a uma protetora que “deu a vida pelos animais”. Sueli Craveiro faleceu em 2013, por problemas cardíacos. Tinha 68 anos, era aposentada e dedicava sua vida ao cuidado dos bichos. Deixava de cuidar da própria saúde e do próprio bem-estar em prol dos cachorros.
“Muitas vezes, ela estava doente mas saía de madrugada para resgatar animais. O carinho dela era muito grande. Parava o carro, no meio do trânsito, saía correndo, não se importava com mais nada. Tirava dinheiro do próprio bolso para ajudar”, descreve a amiga, Kelly Macedo, de 55 anos.
Kelly é a fundadora da Associação e da ONG. Hoje, é ela que mantém vivo o legado de Sueli. As duas eram grandes amigas. “Na verdade, éramos como irmãs”, afirma. Antes de morrer, Sueli fez um único pedido a Kelly. “Ela dizia que, se algo acontecesse, eu deveria continuar fazendo esse trabalho. Eu achava que nada aconteceria”, recorda.
Essa é a Sueli, que dedicava sua vida ao resgate dos bichinhos, e faleceu em 2013. (Foto: Acervo Pessoal)
Sueli morreu em janeiro e, em maio, a Cão Feliz foi criada. Foi uma maneira, também, de Kelly lidar com a morte da grande amiga. “De repente, eu me vi sem chão. Continuar esse trabalho ajudou a lidar com a dor e saudade”. A outra ONG que Sueli mantinha antes de falecer, chamada Vira-Latas, também continuou seu legado, cuidada por outras ativistas da causa.
“Ela era uma pessoa triste e ao mesmo tempo alegre”, conta Kelly. “Ela perdeu uma filha num acidente. Cuidar dos bichos a fazia bem e isso nos contagiava”. As duas se conheceram justamente porque Kelly queria adotar um pet. Rapidamente a amizade começou e sua vida foi transformada. “Eu sempre gostei de animais, mas foi depois que conheci a Sueli que comecei a resgatar e a ajudar”, destaca.
Dificuldades – “Ser presidente de uma ONG não é só resgatar o animal. Tem que levar na clínica, ir atrás de doações”, explica Kelly no vídeo feito para pedir ajuda. Atualmente, a Cão Feliz deve cerca de R$ 15 mil em clínicas veterinárias.
A organização precisa, com urgência, de doação de ração e ajuda de voluntários. São muitos obstáculos enfrentados diariamente. Por conta das dívidas e falta de ajuda, eles não podem resgatar novos animais.
Apesar de tudo, Kelly diz que se mantém forte por conta da memória de Sueli. “Eu faço de tudo pra não acontecer de eu ter que fechar a ONG. O nome da Sueli tem que ser preservado. De certa maneira, ela que me faz seguir em frente”, diz.
Uma das preocupações da protetora é que ela também vive com alguns problemas de saúde. Já derrotou o câncer três vezes e lida com problemas na coluna. Mas sua força de vontade e o compromisso com Sueli a fazem continuar. “Além dos animais, que também me dão forças, porque eu vivo pelos meus anjinhos”, finaliza Kelly.
O vídeo que pede ajuda para a ONG foi produzido pela produtora Images of Love. Informações de como fazer doações e ajudar podem ser encontradas clicando aqui.
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