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  • maio 28, 2023

Ameba ‘comedora de cérebros’ aproveita mudança do clima, se espalha e vira preocupação nos EUA

Ameba ‘comedora de cérebros’ aproveita mudança do clima, se espalha e vira preocupação nos EUA

Pesquisa indica que aumentou incidência da meningoencefalite amebiana primária, doença rara, mortal e mal diagnosticada

 

A região Norte dos Estados Unidos enfrenta uma nova ameaça de saúde pública: a ameba “comedora de cérebros”, nome comum dado à Naegleria fowleri, um parasita de água doce que provoca uma doença chamada meningoencefalite amebiana primária (PAM, na sigla em inglês). Em agosto de 2022, uma criança morreu por causa da doença após nadar em um rio no estado de Nebraska.

A preocupação das autoridades com a ameba, normalmente achada no Sul dos Estados Unidos e na América Central, consta de um estudo científico publicado no Jornal de Saúde Pública de Ohio (Ohio Journal of Public Health) em maio. A pesquisa é da Universidade de Mount Union, em Ohio, da Escola de Enfermagem da Universidade do Kansas, e da iniciativa Jonas Scholar.

A publicação destaca que houve um aumento da incidência dessa doença, que é rara, mortal e muitas vezes mal diagnosticada, nos estados do norte causa e a principal razão é a mudança climática, provocada ao longo dos anos pela destruição do meio ambiente e dos recursos naturais.

“Historicamente, os casos de infecção pela Naegleria fowleri nos Estados Unidos são conhecidos nos estados do Sul, mas dados recentes indicam maior incidência, desde 2010, em estados do norte como Minnesota, Indiana e Missouri. A incidência da infeção é historicamente rara, já que 138 casos foram reportados no país de 1962 a 2015, com uma variação de zero a oito registros por ano. Os pacientes são predominantemente homens (76%) e com idade igual ou menor a 18 anos (83%)”, avisam os pesquisadores.

 

Mudança climática e amebas

A região norte do país possui, normalmente, temperaturas mais baixas. Mas, com o aquecimento global e outras consequências da despreocupação com a alteração do clima do planeta, essas áreas ficaram mais quentes, o que torna o ambiente propício para o desenvolvimento do parasita. Não havia documentação da ameba nessa região dos EUA até então.

“Dados da mudança climática indicam aumento consistente da temperatura da superfície das águas, o que amplia a probabilidade de o parasita representar uma ameaça maior à saúde humana em regiões com histórico de ocorrência e novas regiões onde o PAM ainda não foi documentado”, advertem os pesquisadores.

A pesquisa se atenta para o aumento da temperatura no estado de Ohio, localizado no norte. “No século passado, as temperaturas de Ohio aumentaram entre 1°F e até 2,35°F na parte nordeste do estado. A popularidade dos parques estaduais de Ohio, dos quais 71% oferecem acesso à natação em água doce e 97% permitem a pesca, aumentou devido à pandemia de Covid-19”, avisa.

Apesar de ser rara, o estudo frisa que “a gravidade da doença e a recuperação difícil dos pacientes tornam o aumento da incidência da PAM em climas do norte uma preocupação de saúde emergente”.

“Combinado com o aumento da incidência em climas do norte, profissionais de saúde pública e prestadores de cuidados de saúde não-treinados e que desconhecem a doença podem exacerbar períodos prolongados para o diagnóstico e atrasar o tratamento que é sensível ao tempo, o que é, em última análise, um rápido declínio para pacientes com PAM”, diz o estudo.

Prevenção à ameba ‘comedora de cérebros’

Para os moradores, a indicação é não espirrar água nas outras pessoas e também não submergir a cabeça quando nadar em lagos e represas. Se ocorrerem sintomas neurológicos, procure atendimento médico rapidamente e relate as exposições de ambiente a que foi submetido (como nadar em lagos ou represas).

Os pesquisadores advertem que os os profissionais de saúde pública do norte dos EUA monitorem locais de recreação de água doce e quente, onde a ameba costuma habitar. Os repetidos casos, ao longo dos anos, foram documentados no mesmo lago de água doce, então é importante orientar a população sobre os riscos de entrar em represas ou locais de água parada.

As autoridades locais também podem colaborar ao manter altas concentrações de cloro no sistema de distribuição de água, especialmente aqueles localizados em altas temperaturas.

 

 

Fonte: https://noticias.r7.com/

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