- novembro 13, 2022
Seminário discute os caminhos da Rota Bioceânica e reflexos para diversas áreas na fronteira
Durante o 1º Festival Internacional do Chamamé, que começa nesta sexta-feira (11) e segue até o dia 14 de novembro em Porto Murtinho (MS), o tema da Rota Bioceânica também será um dos destaques do evento. Nos dias 12 e 13 de novembro será realizado o Seminário Internacional “Portal da Rota Bioceânica: cultura, turismo e logística”, que vai reunir representantes do Brasil, Paraguai e Argentina para discutir seus reflexos para as diversas áreas nas cidades de fronteira. O seminário será no Cineteatro Ney Machado Mesquita.
Porto Murtinho, na fronteira com o Paraguai, será o centro econômico da Rota Bioceânica em Mato Grosso do Sul, com destaque para a referência logística da América Latina. A ponte internacional com vão suspenso em estilo estaiada sobre o Rio Paraguai, entre Porto Murtinho e a cidade paraguaia de Carmelo Peralta, está em construção e prevista para conclusão em dezembro de 2024, e em janeiro do próximo ano começa a obra do lado brasileiro.
Festival – O 1º Festival Internacional do Chamamé se realiza na iminência de uma conectividade cultural e econômica sem precedentes, com a concretização da Rota Bioceânica. O município de Porto Murtinho é considerado o guardião do Rio Paraguai e portal da Rota Bioceânica. “O festival tem o papel de fomentar o turismo e estimular o empresariado, movimentando importantes segmentos da nossa economia. E também será ocasião para visita de novos empreendedores interessados em conhecer a Rota Bioceânica e a região fronteiriça”, avalia o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra.
Orivaldo Mengual, presidente do Instituto Chamamé MS e um dos organizadores do evento, observa que Porto Murtinho assume papel estratégico para a implementação da Rota Bioceânica, ao promover encontro com seminários e debates em torno da cultura, do turismo e dos investimentos em logística que já estão ocorrendo, “construindo um ambiente para relacionamentos, convivência, intercâmbios e negócios”.
Debates – O Seminário sobre a Rota Bioceânica tem início neste sábado (12/11), às 9h, com a mesa sobre cultura “Chamamé ‘Bem Imaterial da Humanidade’ e ‘Bem Imaterial de Mato Grosso do Sul’: a singularidade de uma tradição para além das fronteiras da Argentina, Paraguay e Brasil”, com as palestras de Evandro Higa, doutor em música pelo Instituto de Artes da Unesp, autor de livros como “Polca paraguaia, guarânia e chamamé – estudos sobre três gêneros musicais em Campo Grande, MS”; e de Gustavo Toranzo Iván, secretário de Cultura de Villa Guilhermina, Província de Santa Fé – Argentina. É autor da obra “Visconto Vallejos, a lenda de A Villa Guilhermina”, onde traça a vida do autor do clássico chamamé “A Villa Guilhermina”, e suas contribuições para a música costeira.
Para Evandro Higa, que vai abordar o tema a emergência do chamamé na Argentina, no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso do Sul, e como esse gênero musical foi se construindo, histórico e socialmente, a Rota Bioceânica vai cumprir um papel importante para o fortalecimento da cultura, principalmente entre os estados da fronteira. “Os diálogos culturais que vão ser estabelecidos a partir da Rota vão ser muito importantes para a gente se reconhecer como latino americanos. O Brasil não se sente muito parte da América Latina e da América do Sul, por questões históricas e outras influências, e nós aqui de Mato Grosso do Sul temos essa conexão muito forte e essa Rota vai proporcionar uma maior visibilidade para essa condição nossa, de latino americanos”, explica.
Ainda no dia 12/11, às 14h, terá o debate sobre o turismo: Porto Murtinho – Rio Paraguai e o impulso para o desenvolvimento local, com Tomazza Villalba, secretária de Turismo de Vallemi (Paraguai), e Carlos Porto, bacharel em História pela Universidade Católica Dom Bosco e ex-presidente da Fundação de Turismo de MS.
Já no domingo, dia 13/11, às 10h, será o debate sobre a Rota Bioceânica: Porto Murtinho e a geografia da modernidade, com Lúcio Flávio Joichi Sunakozawa, presidente da Comissão Especial de Direito de Integração da Rota Bioceânica / Rota de Integração Latino-americana (CEDIRB- RILAOAB/MS), e Gabriela Oshiro Reynaldo, mestre e doutoranda em Desenvolvimento Local, pesquisadora sobre a Rota Bioceânica com foco na fronteira de Porto Murtinho e Carmelo Peralta.
Para o professor Lúcio Sunakozawa, que vai abordar o tema da inovação territorial e o projeto transnacional RILA: Porto Murtinho no caminho do desenvolvimento sustentável, o debate sobre a Rota Bioceânica passa pela importância de um olhar para uma plataforma jurídica de normativos jurídicos, que visa estabelecer a segurança jurídica nas relações sociais, contratuais e governamentais no território. “A harmonização jurídica é fruto de consenso territorial para eleger o melhor caminho para a prosperidade socioeconômica, dignidade humana e paz territorial para todos os envolvidos diretamente pela RILA (Rota de Integração Latino-Americana Bioceânica). É preciso preparar a nossa população de Porto Murtinho e região sob todos os aspectos socioeconômicos, para esse grande momento que se concretizará dentro de dois a três anos”, diz.
Caminhos da Rota – A Rota Bioceânica vai encurtar em 8 mil km a distância percorrida pelos produtos brasileiros rumo ao mercado asiático, integrando Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. A ordem de serviço da ponte, que será implantada no km 1000 da Hidrovia do Paraguai e distante 7 km pelo rio ao norte de Porto Murtinho, foi dada no dia 13 de dezembro de 2021 pelo presidente paraguaio Mario Abdo Benitez, em ato na fronteira com a presença do governador de MS, Reinaldo Azambuja.
“A ponte tem um simbolismo muito forte ao garantir esse corredor ao Pacífico, que dará maior competitividade a Mato Grosso do Sul e a toda região Centro-Oeste, integrando definitivamente o bloco de quatro países não só economicamente, mas também na cultura e no turismo”, destaca o governador Azambuja.