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  • fevereiro 9, 2023

Glória, adeus…

Glória, adeus…

A carioca Glória Maria Matta da Silva foi certamente um ícone do jornalismo brasileiro.
Ficou conhecida por seu pioneirismo: foi a primeira repórter negra de TV, a primeira a fazer uma
transmissão ao vivo e a primeira a registrar sua imagem em HD.
Também ficou conhecida por suas reportagens em locais exóticos, em situações de risco, grandes
coberturas jornalísticas e entrevistas com famosos e personalidades.
Ficou conhecida ainda por suas aparentemente inesgotáveis alegria e vitalidade, por esconder a idade e pela coragem, que ela insistia não ter.

 

Gloria Maria é internada para tratamento de saúde | GZH

A morte dela, em 2 de fevereiro, ganhou dimensão nacional e ampla repercussão tanto no jornalismo
quanto fora dele. A Globo deu a ela o status de “repórter maior”, sua principal estrela. Aparentemente, abriu para ela mais espaço até do que para o Rei Pelé.
Foram dias e mais dias de homenagens, saudando tanto o seu talento, sua alegria, sua versatilidade,
quanto a importância da cor da pele que, com ela, abriu e continuará abrindo caminhos para a negritude no jornalismo.

Curiosamente, todo esse prestígio não rendeu a ela um único prêmio de jornalismo, ao menos que tenha sido registrado pelo Ranking dos +Premiados da Imprensa Brasileira, elaborado por este J&Cia e
pelo Portal dos Jornalistas. Teria sido efeito do nosso proverbial racismo estrutural?
Até onde se sabe, a batalha contra o câncer de pulmão que levou Glória a Deus foi a única que perdeu.
Glória, adeus…

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