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  • junho 26, 2025

Estação de Aquidauana: Do Apogeu Ferroviário à Promessa de Moradia Social

Estação de Aquidauana: Do Apogeu Ferroviário à Promessa de Moradia Social

A histórica Estação Ferroviária de Aquidauana, inaugurada em 21 de dezembro de 1912, outrora um símbolo de progresso com a chegada da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), hoje se encontra em estado de abandono, transformando-se em um “elefante branco” que ocupa uma área estratégica no coração da cidade. Contudo, essa realidade está prestes a mudar com um ambicioso projeto federal que visa transformar o patrimônio ferroviário em habitação de interesse social.

A NOB, um empreendimento colossal para a época, conectou o interior do Brasil, especialmente São Paulo e Mato Grosso do Sul, ao Porto de Santos, impulsionando o desenvolvimento econômico e a ocupação territorial. A estação de Aquidauana, com sua arquitetura característica, foi um polo de modernidade e vida na região por décadas. No entanto, com o declínio do transporte ferroviário, o local e as vastas faixas de domínio adjacentes caíram em desuso, acumulando sucata, mato e se tornando um foco de proliferação do mosquito da dengue, além de frear o crescimento urbano.

Depósito de Carga e Oficina

Essas estruturas eram vitais para a operação da Noroeste do Brasil. O depósito de carga servia como ponto de transbordo e armazenamento de mercadorias que circulavam pela ferrovia, impulsionando o comércio local e regional. A oficina, por sua vez, era responsável pela manutenção e reparo das locomotivas e vagões, garantindo o funcionamento contínuo da linha férrea.

Declínio e Situação Atual

Após décadas de intensa atividade, as oficinas da NOB, de forma geral (incluindo as de Aquidauana, embora as menções diretas sejam mais sobre as de Bauru), começaram a ter seu papel diminuído a partir da década de 1980.

É inegável que o espaço da antiga NOB em Aquidauana, incluindo o depósito de carga e a oficina, representa um enorme potencial para o desenvolvimento da cidade, essa área, que hoje se encontra em grande parte abandonada e degradada, é uma oportunidade valiosa para o futuro de Aquidauana.

O Potencial da Antiga Área Ferroviária para o Crescimento de Aquidauana

A desapropriação e a eventual revitalização desses terrenos podem ter um impacto significativo em diversas frentes:

  • Desenvolvimento Urbano e Requalificação: A área é central e estratégica. Sua revitalização pode transformar uma área degradada em um novo polo de atividades, integrando-a ao tecido urbano e melhorando a estética da cidade.
  • Impulso Econômico: O espaço pode ser utilizado para a instalação de novos negócios, centros comerciais, polos tecnológicos ou até mesmo indústrias leves. Isso geraria empregos, atrairia investimentos e diversificaria a economia local, que hoje depende muito da agropecuária e do turismo.
  • Turismo e Cultura: As antigas instalações ferroviárias, com sua rica história, podem ser restauradas e transformadas em museus, centros culturais, espaços para eventos ou feiras. Isso atrairia turistas, valorizaria a memória da cidade e ofereceria novas opções de lazer para os moradores.
  • Mobilidade Urbana: Com um planejamento adequado, a área pode ser redesenhada para melhorar o fluxo de veículos e pedestres, criando novas vias, ciclovias e calçadas que conectem diferentes partes da cidade.
  • Espaços Públicos e Lazer: Parte do terreno pode ser transformada em parques, praças ou áreas verdes, oferecendo mais opções de lazer e convívio social para a população.

A “Nova” Contribuição da Antiga NOB

Ao abrir mão e permitir a desapropriação desse espaço, a “antiga NOB” (hoje representada pelas entidades que detêm a posse da área) de fato volta a contribuir com Aquidauana. Se no passado a ferrovia foi o motor do desenvolvimento, hoje a liberação e a requalificação de suas antigas propriedades podem ser o novo motor para a modernização e o crescimento sustentável da cidade.

Esse é um desafio complexo, que envolve negociações, planejamento urbano e investimentos significativos. No entanto, o potencial de transformação é imenso e pode, de fato, marcar um novo capítulo na história de Aquidauana, construindo sobre o legado do passado um futuro promissor.

Atualmente, muitas das instalações da antiga NOB, incluindo edifícios em Aquidauana, encontram-se inutilizadas e passam por um processo de degradação. No entanto, elas representam um grande valor histórico para a indústria ferroviária brasileira e para a cidade de Aquidauana, sendo um testemunho da época de ouro das ferrovias no Brasil e do impacto que tiveram na formação e desenvolvimento de diversas localidades.

Reclassificação e Destinação Social: Uma Nova Luz para Áreas Ociosas

Uma “luz no fim do túnel” surgiu com a atuação da Superintendência do Patrimônio da União (SPU). O órgão federal está mapeando e reclassificando as áreas operacionais e não operacionais do patrimônio ferroviário, hoje sob a gestão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que se encontram abandonadas ou ocupadas irregularmente. O objetivo é claro: utilizar esses espaços públicos para ampliar projetos de moradias habitacionais, conforme determinação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na próxima terça-feira, 1º de julho de 2025, um passo crucial será dado em Brasília (DF), com uma reunião entre representantes da SPU e o Ministro dos Transportes, Renan Filho. O encontro busca destravar os processos de reclassificação das áreas, garantindo uma destinação racional e de caráter social para prédios e terrenos da União.

Acordo de Cooperação e Abrangência Nacional

Para viabilizar o projeto, um acordo de cooperação técnica será firmado com os municípios. A SPU será responsável pelo estudo de georreferenciamento das áreas, enquanto as prefeituras analisarão o perfil socioeconômico das famílias que já ocupam esses espaços. A iniciativa visa regularizar a situação desses moradores, evitando remoções e promovendo a urbanização. “A ideia é não retirar as pessoas que precisam do local”, explicou Tiago, um dos envolvidos no projeto. “A SPU vai administrar. As casas que têm condições, que o município ajude a terminar. E os que estão em condições mais precárias, que entrem no Minha Casa, Minha Vida. O bonito dessa política é que não pensa só no terreno, pensa na urbanização”, ressaltou.

Em Mato Grosso do Sul, nove municípios foram incluídos inicialmente no projeto de desapropriação e reuso das áreas do Dnit, refletindo a abrangência e a importância da antiga malha ferroviária. São eles: Água Clara, Aquidauana, Campo Grande, Corumbá, Miranda, Maracaju, Ribas do Rio Pardo, Ponta Porã e Sidrolândia.

A faixa de domínio de uma ferrovia, por lei, possui uma largura mínima de 15 metros de cada lado do eixo da via férrea, além de uma faixa não edificável de mais 15 metros. Essa legislação garante a segurança e o funcionamento da linha, mas também libera extensas áreas para novos usos quando a ferrovia é desativada ou tem seu traçado modificado. A revitalização da NOB, nesse contexto, vai além da recuperação de trechos férreos e da construção de anéis viários, buscando, sobretudo, transformar um passivo histórico em um ativo social.

Com essa iniciativa, o que antes era um transtorno pode se tornar uma solução habitacional importante para muitas famílias.

 

Fonte: https://aquidauananoticias.com.br/2025/06/26/estacao-de-aquidauana-do-apogeu-ferroviario-a-promessa-de-moradia-social/

 

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