- dezembro 2, 2025
Acadêmicos da UFMS levam projeto que valoriza artesanato indígena a competição nacional
Uma equipe formada por quatro estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Câmpus de Aquidauana (CPaq), está representando o estado na etapa nacional do Desafio Liga Jovem (DLJ), competição de inovação e empreendedorismo promovida pelo Sebrae, que ocorre em Belém (PA). A fase preliminar da disputa aconteceria nesta segunda-feira, dia 1º, e a grande final está marcada para terça-feira, 2.
Chamada de Pantanerds, a equipe é composta pelos estudantes de Administração Paulo Henrique Tavares, Daniel Benitez Martins e Maria Eduarda Souza Aivi, e pela aluna de Ciências Biológicas Kacielle Palheta Verissimo, sob orientação do professor José Alexandre dos Santos. Eles competem com o projeto Itukéti – que significa “fazer indígena” –, iniciativa que nasceu dentro do programa de extensão Enactus e que busca valorizar a cultura indígena, o artesanato local e a geração de renda de forma sustentável.
“O projeto foi criado a partir do interesse dos estudantes em atuar diretamente junto às comunidades”, explica o professor José Alexandre. “A ideia é conectar os artesãos indígenas às pessoas que consomem arte, mas indo além da comercialização: queremos dar protagonismo à cultura indígena, trazendo também a história e a tradição por trás de cada peça.”
Diferente de outros modelos, o Itukéti garante que o artesão receba 100% do valor da peça vendida. “Até o momento, não conheço outro projeto que tenha esse modelo de negócio em específico com o qual trabalhamos”, destaca o estudante Paulo Tavares.
A trajetória do grupo é marcada por histórias de impacto real. Em uma das primeiras parcerias, a equipe conheceu a artesã Clemilda, da aldeia Mãe Terra, em Miranda. Após venderem suas peças e serem premiados em um evento nacional do Enactus em São Paulo, os estudantes retornaram à aldeia para entregar o troféu e novas ferramentas de trabalho. “Ela nos agradeceu, não pelo material, mas por termos nos lembrado dela e voltado até lá”, recorda Paulo. Para o professor orientador, a participação no DLJ e o desenvolvimento do Itukéti são experiências transformadoras.
“O desafio proporciona aprimorar ideias com apoio de especialistas, ampliar o olhar sobre o empreendedorismo e compreender como unir propósito e inovação”, avalia José Alexandre. “Isso fortalece competências essenciais como liderança, trabalho em equipe, empatia social e capacidade de transformar conhecimento em soluções.”
Representar Mato Grosso do Sul na etapa nacional, segundo ele, é um reconhecimento do trabalho construído com esforço e dedicação. “É uma chance de mostrar o potencial transformador da educação e do empreendedorismo social, dar visibilidade ao Pantanal e às comunidades indígenas, que representam boa parte dos nossos estudantes”, afirma.
A classificação da Pantanerds reforça ainda o compromisso da UFMS com a formação de jovens inovadores e com o desenvolvimento socioeconômico regional, unindo saberes tradicionais, tecnologia e impacto social. O projeto conta também com a coordenação da diretora do CPaq, Ana Graziele Toledo, e do professor Bruno Araujo.
A torcida agora está voltada para Belém, onde o “fazer indígena” ganha o Brasil.


